Autódromo de Jacarepaguá (RJ) - Fórmula Truck

02/04/2012 09:03

A História da Fórmula Truck

Amigos ligados ao esporte de um modo geral. Gostaria aqui de render uma singela homenagem a este homem que já nasceu com o seu destino traçado por Deus. Sou apaixonado por velocidade, e a Truck está dando um belo exemplo para todas as categorias.

Não poderia deixar aqui de agradecer a você Aurélio (que já nos deixou), por estar nos dando esta grande alegria de assistir o que hoje é uma realidade. Acompanho todas as provas, e aqui no Rio de Janeiro, pude assistí-la neste domingo (01 de abril de 2012). Foi sensacional. Todas as equipes e pilotos estão de parabéns, assim como, todos áqueles que trabalharam neste evento.

Tomei a liberdade de publicar em meu SITE este grande evento, tendo em vista uma ampla visão do que representa esta categoria no automobilismo brasileiro. Um grande exemplo a ser seguido, e espero que todos ao visitarem esta página possam admirar e saber mais sobre a Fórmula Truck.

A você Neusa Navarro Félix, rendo as minhas homenagens, por ter dado continuidade a este projeto, e hoje a Truck é uma realidade, um evento magnífico. Parabéns!

 

A HISTÓRIA DA FÓRMULA TRUCK

 

Aurélio Batista Félix nasceu em Santos (SP), no dia 24 de abril de 1958, e desde criança sempre teve muito contato com caminhões. Era filho de caminhoneiro e ficava fascinado ao ouvir histórias das viagens de seu pai, Reinaldo Batista Félix.

Aos 9 anos de idade começou a manobrar caminhões e, aos 11, já guiava automóveis pela rua. Pouco depois, aos 16, ficou conhecido no bairro por fazer com uma Kombi algumas das manobras que mais tarde fariam parte de seus shows nas provas da F-Truck.

Foi naquela mesma época que ele começou a guiar caminhões nas estradas e quando não havia risco de fiscalização da polícia rodoviária até arriscava viagens de pequenos trajetos. Mas o trabalho como caminhoneiro começou mesmo aos 17 anos. Com o pai adoentado, ele assumiu a boléia e passou a fazer o transporte de motores Ford do modelo Maverick para o porto de São Sebastião. Descia a rodovia dos Tamoios e se divertia dirigindo carretas de 10 toneladas.

Em 1987, Aurélio participou da I Copa Brasil de Caminhões, idealizada pelo jornalista português Francisco Santos, no autódromo de Cascavel, no Paraná. Entretanto a primeira prova de caminhões realizada no Brasil não foi uma boa semente para a competição de caminhões no país. A morte do jornalista adiou a empreitada de Aurélio Batista Félix.

Daquela data em diante começou um trabalho mais direcionado à idéia da construção de uma categoria caminhões mais sólida e com segurança. Foi criada a Racing Truck, em 1993 funcionando na mesma sede da Transportadora ABF, em Santos. Paralelamente a atividade de sua empresa de transporte, Aurélio investia em seu grande sonho.

Aos poucos, o filho de caminhoneiro e já vice-presidente do Sindicato dos Motoristas Autônomos da Baixada Santista foi preparando alguns caminhões que tirava da sua própria frota e transformando-os em caminhões de corrida. O trabalho na transformação do caminhão, preparação do motor, suspensão, criação de novas peças e principalmente os equipamentos de segurança, exigiu incansáveis pesquisas e reuniões do pequeno grupo comandado por Aurélio.

A experiência adquirida nos sindicato dos motoristas, onde chegou à presidência, ele criou a ANPPC (Associação Nacional de Proprietários e Pilotos de Caminhão) e passou a trabalhar detalhadamente em um regulamento técnico com a preocupação de colocar modelos e marcas diferentes em nível de igualdade dentro da pista.

Em 1994 Aurélio fez uma apresentação oficial em Interlagos e mostrou a Fórmula Truck para empresários, autoridades esportivas e imprensa.

No ano seguinte, conseguiu com uma liminar na justiça voltar às pistas para uma série de provas-exibição, uma forma de ficar fora da alçada da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) que havia proibido as provas de caminhões depois do acidente de 1987. O público já passava de 15 mil pessoas e a CBA começou a estudar a homologação do evento automobilístico que já impressionava por levar um público tão grande aos autódromos.

O reconhecimento do trabalho de Aurélio Batista Félix veio com a homologação da categoria, para a criação definitiva do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck em 1996. Entre várias aprovações, os equipamentos de segurança desenhados (santo-antônio) por Aurélio e produzidos na própria sede da Fórmula Truck foram reconhecidos pela entidade máxima do automobilismo brasileiro como sendo superiores aos utilizados na Europa.

Em 2008, a Fórmula Truck completava sua 13ª temporada, ano em que seu criador Aurélio Batista Félix estaria realizando mais uma etapa de seu interminável sonho: a internacionalização da categoria com uma corrida a ser realizada na Argentina. O projeto ganhou força depois da visita de Aurélio a uma etapa da Truck européia, em Nurburgring, na Alemanha, no ano anterior. "Nossa F-Truck brasileira é superior à européia em todos os aspectos. Nossa tecnologia usada na preparação dos caminhões e estrutura de produção do evento é muito melhor do que a deles", disse animado Aurélio no início desta temporada.

Na primeira prova do ano, no dia 2 de março em Guaporé, RS, Aurélio se sentiu mal logo depois do final da corrida. Já com um histórico com problemas cardíacos ele teve que ser socorrido na próprio autódromo e logo depois transferido para o Hospital São Vicente em Passo Fundo. Após uma bem sucedida cirurgia comemorada por um corpo médico de seis especialistas, Aurélio estava para ter alta quando novamente se sentiu mal, três dias depois da cirurgia. Levado para a mesa de operação, foi constatado uma hemorragia estomacal de grandes proporções, o que ocasionou o óbito no final da tarde do dia 5 de março de 2008.

Após a comoção de todo o meio automobilístico, a Fórmula Truck terminou o ano de 2008 com grandes índices de audiência e público. Nas mãos dos coordenadores que aprenderam com Aurélio e na direção da nova presidente da categoria, a viúva Neusa Navarro Félix, a temporada foi recorde de público em todas as etapas do ano passado.

Aurélio faleceu após a realização da primeira etapa da temporada de 2008 em Guaporé. A semente plantada por ele já vingou, floresceu e deu frutos. Reconhecida nacionalmente como a categoria mais popular do país, a Fórmula Truck começa agora a trilhar o caminho da projeção internacional. Os sonhos de Aurélio continuam se tornando realidade.

Aurélio tinha 49 anos de idade quando nos deixou. Era casado com Neusa e deixou três filhos: Danielle, Gabrielle e Aurélio Junior.

Veio 2009, e sob o comando de Neusa Navarro Félix a Fórmula Truck fez uma bela temporada. O sonho do idealizador Aurélio virou realidade da forma mais bonita possível, bem como ele próprio gostaria. A Fórmula Truck fez sua primeira prova fora das fronteiras do Brasil levando ao Autódromo Juan Y Oscar Galvez o recorde de publico com mais de 70 mil pessoas aplaudindo o show da categoria brasileira de caminhões.

 
ETAPA RIO DE JANEIRO (AUTÓDROMO NELSON PIQUET)
 
Coube ao pernambucano Beto Monteiro a vitória na segunda etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck. O piloto da Scuderia Iveco, líder da
competição graças à vitória na prova de quatro semanas atrás na pista gaúcha do Velopark, repetiu o resultado neste domingo (1º) no Rio de Janeiro. Com a oitava vitória de sua carreira, conquistada no Autódromo Internacional Nelson Piquet, ele abriu uma cômoda vantagem na tabela de pontos.

 
Monteiro teve, no pódio, a companhia dos paulistas Roberval Andrade, da Scania, André Marques e Renato Martins, ambos da MAN-Volkswagen, e do goiano Leandro Reis, também com Scania, que completaram nesta ordem as cinco primeiras posições na corrida. Monteiro, com a vitória e a liderança a um terço de corrida, quando há pontos de bonificação, foi a 60 pontos, contra 34 dos vice-líderes Marques e Felipe Giaffone, ambos da RM Competições.

 
Christian Fittipaldi e Wellington Cirino, pilotos da ABF/Mercedes-Benz, formavam a primeira fila do grid e, pelo desempenho nos treinos livres, eram apontados como favoritos a repetir a dobradinha de 2011, quando a vitória na etapa carioca foi de Geraldo Piquet, com Cirino em segundo. Contudo, os dois envolveram-se num toque logo após a largada, na tomada da curva Sul, e ficaram fora da disputa pelos primeiros lugares.


 
Foi, na avaliação de Monteiro, o momento crucial da corrida. “Tive um pouco de sorte no começo. Logo depois do toque entre os Mercedes, consegui manter um ritmo bom, e fui assim até o final, estável o tempo todo”, avaliou o pernambucano, líder invicto do campeonato. “Só tenho a agradecer à minha equipe. Agora, é trabalhar muito para Caruaru”, acrescentou, citando a corrida de 6 de maio, onde atuará diante de sua torcida.
 
Andrade, com o segundo lugar, voltou ao pódio depois de mais de um ano – sua última aparição na festa de premiação havia acontecido em fevereiro de 2011, na primeira etapa do Campeonato Sul-Americano, em Santa Cruz do Sul, onde foi o quarto colocado. Sua atuação em Jacarepaguá foi marcada, na segunda fase da prova, pelo duelo com Felipe Giaffone – que acabou saindo da pista e ficando fora do pódio, em sétimo lugar.

 
“O Felipe é um grande piloto. Tivemos uma disputa limpa, que foi muito prazerosa. Foi legal para quem estava assistindo e para nós, que estávamos lá dentro”, depôs o paulista da Ticket Car Corinthians Motorsport, dono dos títulos brasileiros de 2002 e 2010, ano em que também venceu a etapa do Rio e levou o título campeão sul-americano. “Voltei ao pódio depois de um ano e um mês, e isso foi muito bom, também”, ele comemorou.
 
A MAN-Volkswagen manteve-se líder do campeonato de Marcas tendo mais dois pilotos no pódio. André Marques foi terceiro, repetindo seu resultado no Velopark. “Foi difícil, mas o caminhão é muito resistente. Toda a engenharia é muito forte”, falou o piloto. Renato Martins, chefe da equipe, ficou em quarto. “Foi um fim de semana muito importante para a marca, ter dois caminhões no pódio fortaleceu ainda mais a equipe RM”, acrescentou.
 
O goiano Leandro Reis levou o Scania da Original Reis Competições ao quinto lugar, subindo ao pódio pela segunda vez no Rio de Janeiro – foi na pista carioca que ele obteve, em 2010, seu melhor resultado na categoria, um segundo lugar. “Foi uma etapa muito boa para a gente. Fizemos um grande trabalho, esse pódio selou nossa participação aqui no Rio. Nosso retrospecto aqui é muito bom”, destacou o piloto.
 
A CORRIDA
Na largada, Wellington Cirino, segundo no grid, assumiu a liderança, mas acabou tocando o caminhão de Christian Fittipaldi. Os dois companheiros de equipe perderam posições. Na sequência da manobra, Roberval Andrade, que buscava ultrapassagem pela linha interna ao fim do Retão, também tocou o caminhão de Fittipaldi. Leandro Totti, oitavo no grid, conseguiu esquivar-se dos toques e assumiu a liderança.
 
Cirino e Fittipaldi, por conta do toque, estacionaram nos boxes ainda na primeira volta. Totti, depois de três voltas, sustentava a liderança com Beto Monteiro, da Iveco, e Andrade, da Scania, pressionando sua posição. Monteiro, líder do campeonato, superou o paranaense na abertura da quinta volta. Duas curvas depois, foi Andrade quem ultrapassou Totti, que sofria visível queda de rendimento em seu Mercedes-Benz.
 
Fittipaldi retornou à disputa, embora com três voltas de desvantagem em relação aos líderes. Danilo Dirani, na mesma volta, atacou o terceiro lugar de Totti na curva 120 Graus. Os dois se tocaram e foram superados por Felipe Giaffone. Ao mesmo tempo em que o atual campeão surgia em terceiro lugar com seu MAN-Volkswagen, Totti também abandonou. Dirani conseguiu voltar à corrida, mas com seu Ford danificado, abandonou logo em seguida.
 
A intervenção programada do Pace Truck, quando a corrida completou seu primeiro terço, deu-se com 12 voltas completadas. Monteiro, Andrade, Giaffone, Renato Martins, também da MAN-Volkswagen, e Leandro Reis, com um Scania, eram os cinco primeiros colocados, o que valeu a eles pontos de bonificação. Giaffone já havia assegurado, a essa altura, o ponto extra por ter estabelecido a volta mais rápida da corrida, na terceira.
 
Dada a relargada, Andrade passou a pressionar Monteiro na disputa pela liderança. Giaffone, em postura um tanto mais conservadora, observava o duelo. Martins foi superado por Reis ao fim da reta dos boxes, na abertura da 15ª volta, praticamente ao mesmo tempo em que Pedro Gomes, da Ford, até então sexto colocado, perdia posições para Regis Boessio, André Marques, Paulo Salustiano e Adalberto Jardim, caindo para décimo.
 
Gomes também tinha problemas, e desistiu na 17ª volta. A corrida já entrava em sua segunda metade e Giaffone passou a exercer uma pressão ainda mais forte sobre Andrade. O duelo entre os dois últimos campeões sul-americanos e brasileiros da Truck permitiu que Monteiro ampliasse a vantagem na liderança para mais de um segundo. Enquanto isso, o ritmo forte dos dois era suficiente para que Reis, quarto, ficasse mais distante da disputa.
 
A alta temperatura submetia os caminhões a um desgaste excessivo. Depois de 18 voltas, Boessio parou com problemas mecânicos. Reis liderava o pelotão que lutava pelo quarto lugar, tendo imediatamente atrás do caminhão dele Martins, Paulo Salustiano e André Marques. Marques superou Salustiano na 26ª volta e passou a disputar com Martins, seu companheiro na equipe RM Volkswagen, o quinto lugar, que vale presença no pódio.
 
A presença de Marques no pódio acabou assegurada na 30ª volta. Na aproximação para a curva 90 Graus, Giaffone posicionou seu caminhão pelo lado externo da pista e contornou lado a lado com Andrade, que devolveu-lhe a manobra mantendo os caminhões emparelhados em toda a curva da Vitória. No fim da reta dos boxes, Giaffone, ainda pelo lado externo do traçado e, na frenagem, acabou rodando e saindo da pista.
 
Marques ainda conseguiria mais duas posições, ultrapassando Reis e o parceiro Martins na penúltima volta. A Giaffone, que voltou à pista em sétimo, restaram três voltas para um ataque à sexta posição de Salustiano. O paulista da ABF/Volvo manteve a sexta colocação na corrida e permaneceu em quinto na classificação do campeonato, sendo o melhor classificado entre os pilotos que utilizam caminhões Volvo na Fórmula Truck.
 
Depois de 34 voltas, o resultado do GP Bridgestone-Bandag, no Rio de Janeiro, foi o seguinte:
 
1º) Beto Monteiro (PE/Iveco), Scuderia Iveco, 1h01min02s614
2º) Roberval Andrade (SP/Scania), Ticket Car Corinthians Motorsport, a 8s804
3º) André Marques (SP/MAN-Volkswagen), RM Competições, a 10s648
4º) Renato Martins (SP/MAN-Volkswagen), RM Competições, a 10s964
5º) Leandro Reis (GO/Scania), Original Reis Competições, a 12s107
6º) Paulo Salustiano (SP/Volvo), ABF/Volvo, a 13s895
7º) Felipe Giaffone (SP/MAN-Volkswagen), RM Competições, a 14s113
8º) João Marcos Maistro (PR/Volvo), Clay Truck Racing, a 40s878
9º) Débora Rodrigues (SP/MAN-Volkswagen), RM Competições, a 53s136
10º) Valmir Benavides (SP/Iveco), Scuderia Iveco, a 1min12s160
11º) Pedro Muffato (PR/Scania), Muffatão, a 1min12s657
12º) Luiz Lopes (SP/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, a 1min19s104 
NÃO COMPLETARAM
Luiz Pucci (ARG/Volvo), ABF/Volvo, a 10 voltas
Adalberto Jardim (SP/MAN-Volkswagen), AJ5 Motorsport, a 11 voltas
Wellington Cirino (PR/Mercedes-Benz), ABF/Mercedes-Benz, a 11 voltas
José Maria Reis (GO/Scania), Original Reis Competições, a 12 voltas
Regis Boessio (RS/Mercedes-Benz), ABF Desenvolvimento Team, a 15 voltas
Pedro Gomes (SP/Ford), Ford Racing Trucks, a 18 voltas
Christian Fittipaldi (SP/Mercedes-Benz), ABF/Mercedes-Benz, a 21 voltas
Danilo Dirani (SP/Ford), Ford Racing Trucks/DF Motorsport, a 24 voltas
Diumar Bueno (PR/Volvo), DB Motorsport, a 26 voltas
Fred Marinelli (SP/Iveco), Marinelli Competições, a a 26 voltas
Leandro Totti (PR/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, a 28 voltas
Melhor volta: Giaffone, na 3ª, 1min33s981, média de 117,483 km/h
 
CLASSIFICAÇÃO
Depois de duas etapas, a classificação do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck é a seguinte: 1º) Monteiro, 60 pontos; 2º) Giaffone e Marques, 34; 4º) Andrade, 24; 5º) Salustiano, 22; 6º) L. Reis, 18; 7º) Martins, 16; 8º) Jardim, 14; 9º) Bueno, 10; 10º) Marinelli, 8; 11º) Fittipaldi, Pucci, Cirino e Maistro, 7; 15º) Totti e Rodrigues, 6; 17º) Benavides, 5; 18º) Gomes, Muffato e Lopes, 4; 21º) Boessio, 2.
 
A classificação da competição de Marcas no Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck mantém a MAN-Volkswagen na liderança, com 90 pontos. A vice-líder Iveco soma 63. Na sequência vêm Volvo, com 46, Scania, com 41, Mercedes-Benz, com 14, e Ford, com quatro. A temporada terá sequência no dia 6 de maio, no circuito pernambucano de Caruaru. Será a terceira etapa do Brasileiro e segunda do Sul-Americano da Truck.